Surdos de Ilhéus dão ´chute´ no preconceito e vencem torneio de Futsal

O que os surdos querem é oportunidade, diz professora
Ascom

Um chute no preconceito. Um desabafo contra a falta de apoio. E a solidariedade de onde não esperava encontrar. Esses ingredientes marcaram o final de semana as equipes masculina e feminina de Futsal da Associação de Surdos de Ilhéus. Convidados para participar de um torneio no município de Barra do Choça, os atletas viveram um drama. Viram as portas fechadas ao procurar ajuda para a viagem junto a políticos e a sociedade civil. Só conseguiram viajar "de carona" com a equipe de Itabuna, patrocinada por um vereador local. "Eram 46 lugares no ônibus. Como cada cidade tinha 23 atletas, o vereador Glebão nos deu de presente a passagem", explica a professora Lucília Lopes, intérprete de Libras da Associação de Surdos de Ilhéus. Mas valeu a pena o esforço.

O município de Ilhéus sagrou-se campeão do torneio. Venceu nas duas categorias. “Todas estas pessoas surdas, são estudantes ou trabalhadores, têm uma vida funcional e treinam nos finais de semana, inclusive sem espaço definido para os treinos”, afirma Lucília. Ela garante que há bastante tempo o grupo vem buscando apoio da prefeitura para oficializar um local para os treinos nos fins de semana. “Nunca tivemos uma resposta”, lamenta. Além do Futsal, o grupo participa de competições de futebol de campo, karatê e judô. “Eles representam a cidade, mas a cidade não os representa, na medida em que não os apóia e não lhes dão o direito de participação social”, completa a professora.